Transição
Yara Aquino, da Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se nesta quarta-feira (3) com a presidente eleita Dilma Rousseff. A agenda de Lula foi alterada no início da manhã para abrir espaço ao encontro com Dilma. Em declaração à imprensa, após reunião, Lula afirmou que não vai interferir na montagem da equipe de governo da presidente eleita.
Lula resssaltou que apenas a presidente eleita pode negociar a distribuição de cargos com partidos aliados.“ “Rei morto, rei posto. Um ex-presidente não deve dar palpite”, afirmou. “O governo da Dilma tem que ser à cara e à semelhança da Dilma. Somente ela pode dizer quem ela quer ou não quer.” “Vamos torcer para o sucesso da Dilma como se estivéssemos torcendo pelo nosso sucesso", acrescentou.
Dilma, por sua vez, disse que a relação com o PMDB, na montagem da equipe, será pautada por uma concepção de partilha, e que em nenhum momento foi pressionada pelos peemedebistas na busca por cargos.
“Esse é um governo que se pautará por partilhas e não por processo de construção de uma equipe única”, afirmou Dilma durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Segundo ela, as iniciativas do PMDB têm sido em favor dessa concepção “sem conflitos”, e destacou o papel de seu vice, Michel Temer.
Dilma acrescentou que não antecipará a equipe de governo de forma fragmentada. “Vou anunciar os nomes com muita tranquilidade e não cometeria a temeridade de apresentar nomes individuais”, disse a futura presidente, que se negou a definir data para o anúncio da equipe de seu governo.
Bolsa Família e salário mínimo
A presidente eleita reiterou que o salário mínimo e o benefício pago pelo Programa Bolsa Família terão reajustes nos próximos anos. No primeiro pronunciamento ao lado do presidente Lula após a eleição, ela avaliou como positivo o critério até então adotado pelo governo de reajustar o salário mínimo com base na inflação e no PIB (Produto Interno Bruto) do ano anterior.
Dilma lembrou, entretanto, que o país enfrentou uma crise econômica que afetou o PIB de 2009, fazendo com os números se aproximassem de zero. “Estamos avaliando. Vamos ver se é possível fazer essa compensação.”
2014
Lula também comentou a possibilidade de Dilma concorrer a um segundo mandato no próximo pleito, daqui a quatro anos. “Ela sabe o que tem que fazer e tem todo o direito de, em 2014, ser candidata outra vez. Eu sabia que tinha data para entrar e data para sair. É como contrato de aluguel. Dia 1º [de janeiro], caio fora”, disse.
No seu primeiro pronunciamento ao lado da sua sucessora após as eleições, Lula afirmou que “a bola agora está com a Dilma” e que ele estará apenas “na arquibancada, uniformizado, mas sem corneta”.
Oposição
Lula pediu que a oposição tenha um papel diferente na gestão da candidata eleita do PT. “[Espero que], dentro do Congresso Nacional, a oposição não faça com a Dilma o que fez comigo: a política da vingança.”
Para Lula, a oposição precisa saber diferenciar os interesses nacional das brigas partidárias. “[Peço que] a oposição, a partir de 1º de janeiro, olhe mais pelo Brasil e torça para o país dar certo.” Ele destacou que a chegada de Dilma ao poder significa a vitória dos que perderam em 1968. “Ela provou que com democracia é possível chegar ao poder.”
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