10 de outubro de 2010 • 13h24
Política

O senador Arthur Virgilio (PSDB) denunciou adversários e tenta reverter derrota nas urnas
Foto: Raphael Cortezão/Especial para Terra
Foto: Raphael Cortezão/Especial para Terra
Após oito anos como senador pelo Amazonas e ferrenho opositor ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional, o líder do PSDB do Senado, Arthur Virgílio Neto, amargou uma derrota na acirrada disputa eleitoral deste ano. O tucano foi vencido nas urnas por seus dois maiores rivais no Amazonas, o ex-governador Eduardo Braga (PMDB), alvo de duras críticas suas nos últimos oito anos, e a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB).
Na sexta-feira (8), uma denúncia contra seus adversários vitoriosos por compra de votos e abuso de poder econômico deu novo alento ao senador na busca pela reversão do quadro em seu favor. Em entrevista exclusiva concedida ao Terra, logo após ter entregue a denúncia ao Ministério Público Federal no Amazonas, o parlamentar falou sobre a participação do presidente Lula nas campanhas de seus adversários e anunciou planos para o segundo turno presidencial e para as eleições municipais de 2012.
Terra - O presidente Lula participou diretamente da campanha de sua principal adversária nas eleições, mesmo havendo candidata própria do PT no Estado. Diante desse quadro, o senhor se sentiu derrotado pelo presidente Lula?
Arthur Virgílio - Eu me sentia vitorioso, tinha convicção da vitória. Tinha elementos que me levavam a acreditar na vitória antes da votação. Estou convencido que perdi a eleição para a fraude eleitoral, para uma espécie de coronelismo eletrônico. É claro que fiquei muito surpreso quando soube que o presidente fez telemarketing para outros candidatos em detrimento da candidata do partido dele. Isso foi um gesto de infidelidade partidária, não foi um bom exemplo e claro que pesou para diminuir a diferença entre minha adversária e eu, como também o próprio apoio da candidata do PT à presidência na campanha de minha adversária também em detrimento de uma candidata do partido. Tudo isso pesa, mas o determinante foi a fraude eleitoral no Amazonas.
Arthur Virgílio - Eu me sentia vitorioso, tinha convicção da vitória. Tinha elementos que me levavam a acreditar na vitória antes da votação. Estou convencido que perdi a eleição para a fraude eleitoral, para uma espécie de coronelismo eletrônico. É claro que fiquei muito surpreso quando soube que o presidente fez telemarketing para outros candidatos em detrimento da candidata do partido dele. Isso foi um gesto de infidelidade partidária, não foi um bom exemplo e claro que pesou para diminuir a diferença entre minha adversária e eu, como também o próprio apoio da candidata do PT à presidência na campanha de minha adversária também em detrimento de uma candidata do partido. Tudo isso pesa, mas o determinante foi a fraude eleitoral no Amazonas.
Terra - Qual a principal diferença que o senhor destaca entre ter participado de uma eleição e sido eleito senador, em 2002, com Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na presidência, e agora em 2010, com seus opositores no poder?
Arthur Virgílio - Não me lembro de ter visto Fernando Henrique ter se referido de maneira desairosa a nenhum adversário, não me lembro de ele ter recomendado nada que perseguisse alguém. Fui ministro, e Fernando Henrique nunca me pediu que tomasse alguma atitude que prejudicasse alguém ou beneficiasse alguém. Percebi que servia a um governo de um homem de Estado, um estadista de verdade. O ex-presidente tratou os governadores do PT de maneira exemplar e não passaria pela cabeça dele algo como o que o Lula praticou contra mim. Não tenho rancor, porque embora o presidente tenha mostrado uma dimensão diminuta, pequena, eu compreendo que por trás estava o desejo de ter um país com um Congresso Nacional dócil, domesticado, ao contrário do que temos hoje na Câmara e principalmente no Senado.
Arthur Virgílio - Não me lembro de ter visto Fernando Henrique ter se referido de maneira desairosa a nenhum adversário, não me lembro de ele ter recomendado nada que perseguisse alguém. Fui ministro, e Fernando Henrique nunca me pediu que tomasse alguma atitude que prejudicasse alguém ou beneficiasse alguém. Percebi que servia a um governo de um homem de Estado, um estadista de verdade. O ex-presidente tratou os governadores do PT de maneira exemplar e não passaria pela cabeça dele algo como o que o Lula praticou contra mim. Não tenho rancor, porque embora o presidente tenha mostrado uma dimensão diminuta, pequena, eu compreendo que por trás estava o desejo de ter um país com um Congresso Nacional dócil, domesticado, ao contrário do que temos hoje na Câmara e principalmente no Senado.
Terra - O senhor avalia que o PSDB saiu enfraquecido destas eleições?
Arthur Virgílio - No Senado, inevitavelmente sairá enfraquecido, porque terá menos senadores do que tem hoje. Em contrapartida, elegemos governadores de importantes Estados do País, como Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O partido levou seu candidato à presidência para o segundo turno mais uma vez, fez uma bela e aguerrida bancada de deputados e sobretudo estará na disputa por cinco governos no segundo turno. Isso é sinal de que a máquina Lula perdeu força. Ele exagerou, exorbitou, deu remédio que virou veneno.
Arthur Virgílio - No Senado, inevitavelmente sairá enfraquecido, porque terá menos senadores do que tem hoje. Em contrapartida, elegemos governadores de importantes Estados do País, como Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O partido levou seu candidato à presidência para o segundo turno mais uma vez, fez uma bela e aguerrida bancada de deputados e sobretudo estará na disputa por cinco governos no segundo turno. Isso é sinal de que a máquina Lula perdeu força. Ele exagerou, exorbitou, deu remédio que virou veneno.
Terra - Terminado seu mandato de senador em 2011, o que o senhor pretende fazer?
Arthur Virgílio - A persistir esse resultado, tenho minha vida plenamente planejada. Sou diplomata e devo me apresentar ao Itamarati, embora seja do quadro especial, o que não impõe rotina de trabalho e posso ser convocado em missões especiais. Tenho muito tempo de classe, de conselheiro. Farei palestras pelo País, já estou entrando em contato com pessoas que agenciam essas palestras, vou escrever para jornais e vou criar um blog bastante forte de acompanhamento dos fatos políticos. Além disso, pretendo realizar um sonho, que é dar aulas. Vou buscar quem me aceite como professor para poder lecionar uma ou duas vezes por mês. Também quero me dedicar mais à minha família.
Arthur Virgílio - A persistir esse resultado, tenho minha vida plenamente planejada. Sou diplomata e devo me apresentar ao Itamarati, embora seja do quadro especial, o que não impõe rotina de trabalho e posso ser convocado em missões especiais. Tenho muito tempo de classe, de conselheiro. Farei palestras pelo País, já estou entrando em contato com pessoas que agenciam essas palestras, vou escrever para jornais e vou criar um blog bastante forte de acompanhamento dos fatos políticos. Além disso, pretendo realizar um sonho, que é dar aulas. Vou buscar quem me aceite como professor para poder lecionar uma ou duas vezes por mês. Também quero me dedicar mais à minha família.
Terra - O próximo ano será também de preparação para as eleições de 2012. O senhor pretende participar das próximas eleições municipais?
Arthur Virgílio - Vou participar ativamente das eleições de 2012, sem dúvidas. Não descarto a possibilidade de ser candidato, assim como também não descarto ser um apoiador. O que importa para mim é permanecer na vida pública do Amazonas. Tive uma luta difícil aqui, acreditava na vitória e não pensei que fossem usar de meios tão baixos contra mim. Resisti a todos os convites que me fizeram para ter opções fáceis. Os mais insistentes foram do Rio de Janeiro, mas eu prefiro ser qualquer coisa pequena no Amazonas do que qualquer coisa grande em outro Estado. Aqui é o meu destino, é aqui que as pessoas definem meu destino.
Arthur Virgílio - Vou participar ativamente das eleições de 2012, sem dúvidas. Não descarto a possibilidade de ser candidato, assim como também não descarto ser um apoiador. O que importa para mim é permanecer na vida pública do Amazonas. Tive uma luta difícil aqui, acreditava na vitória e não pensei que fossem usar de meios tão baixos contra mim. Resisti a todos os convites que me fizeram para ter opções fáceis. Os mais insistentes foram do Rio de Janeiro, mas eu prefiro ser qualquer coisa pequena no Amazonas do que qualquer coisa grande em outro Estado. Aqui é o meu destino, é aqui que as pessoas definem meu destino.
Terra - Como o senhor analisa o clima da campanha do segundo turno no Amazonas, onde Serra perdeu para Dilma e para Marina Silva no primeiro turno?
Arthur Virgílio - Vejo uma situação completamente diferente da estabelecida no primeiro turno. Eu acredito que a vinculação de Serra com os 'bullying' praticados contra mim está sendo positiva para a campanha dele aqui no Amazonas. Agora Serra precisa fazer a campanha que não fez no primeiro turno no Estado, expondo propostas com clareza. Ele tem tudo para corrigir. A eleição é outra. As pessoas estão me parando para pedir o adesivo dele para colocar nos carros. Isso não ocorreu no primeiro turno.
Arthur Virgílio - Vejo uma situação completamente diferente da estabelecida no primeiro turno. Eu acredito que a vinculação de Serra com os 'bullying' praticados contra mim está sendo positiva para a campanha dele aqui no Amazonas. Agora Serra precisa fazer a campanha que não fez no primeiro turno no Estado, expondo propostas com clareza. Ele tem tudo para corrigir. A eleição é outra. As pessoas estão me parando para pedir o adesivo dele para colocar nos carros. Isso não ocorreu no primeiro turno.
Terra - Apesar de ter sido derrotado, o senhor teve mais de 644 mil votos no Amazonas, enquanto que José Serra conquistou pouco mais de 190 mil. O que explica essa diferença?
Arthur Virgílio - O eleitorado não queria votar nele. Eu ajudei aproveitando muito a Marina (Silva) para levar a disputa para o segundo turno. Eu disse claramente no diretório nacional que, como as pessoas não estavam querendo votar nele, nós indicávamos a Marina, já que no Amazonas o PV era da nossa coligação. Ela teve aquela onda verde boa, cresceu. Nós fomos para o segundo turno, mas agora é o confronto dele com o povo do Amazonas. Ele próprio precisa ter os votos, porque não haverá subterfúgios agora.
Arthur Virgílio - O eleitorado não queria votar nele. Eu ajudei aproveitando muito a Marina (Silva) para levar a disputa para o segundo turno. Eu disse claramente no diretório nacional que, como as pessoas não estavam querendo votar nele, nós indicávamos a Marina, já que no Amazonas o PV era da nossa coligação. Ela teve aquela onda verde boa, cresceu. Nós fomos para o segundo turno, mas agora é o confronto dele com o povo do Amazonas. Ele próprio precisa ter os votos, porque não haverá subterfúgios agora.
Terra - A posição de Marina Silva será importante para definir o segundo turno?
Arthur Virgílio - Ainda que ela não declare apoio a ninguém, o importante é saber cativar o eleitor dela. Eu vejo muito mais afinidades programáticas entre Marina e Serra, do que entre ela e Dilma (Rousseff), que inclusive a acusou de praticar corrupção no Ministério do Meio Ambiente, durante o último debate do primeiro turno, e tudo o que Marina não pratica é a corrupção. Para cativar o eleitorado dela, Serra precisará de muita habilidade, bom discurso e sinceridade.
Arthur Virgílio - Ainda que ela não declare apoio a ninguém, o importante é saber cativar o eleitor dela. Eu vejo muito mais afinidades programáticas entre Marina e Serra, do que entre ela e Dilma (Rousseff), que inclusive a acusou de praticar corrupção no Ministério do Meio Ambiente, durante o último debate do primeiro turno, e tudo o que Marina não pratica é a corrupção. Para cativar o eleitorado dela, Serra precisará de muita habilidade, bom discurso e sinceridade.
Terra - No primeiro turno, sua participação na campanha de José Serra foi bastante tímida. Como será a postura neste segundo turno?
Arthur Virgílio - Eu era candidato e enfrentei duramente uma batalha no Amazonas até o último minuto. Isso inegavelmente acaba tomando a maior parte do tempo. Eu não podia lutar contra uma realidade naquele momento, que era a rejeição dele no Estado. Isso poderia prejudicar diretamente minha candidatura. Agora o fantasma está exorcisado. Não só eu, mas todos os nossos partidários e apoiadores, tanto os que ganharam ou disputam o segundo turno, como os que perderam estarão empenhados em trabalhar por ele. Estamos agendando visita para Serra ao Amazonas nos próximos dias e queremos fazer uma grande festa para recebê-lo.
Arthur Virgílio - Eu era candidato e enfrentei duramente uma batalha no Amazonas até o último minuto. Isso inegavelmente acaba tomando a maior parte do tempo. Eu não podia lutar contra uma realidade naquele momento, que era a rejeição dele no Estado. Isso poderia prejudicar diretamente minha candidatura. Agora o fantasma está exorcisado. Não só eu, mas todos os nossos partidários e apoiadores, tanto os que ganharam ou disputam o segundo turno, como os que perderam estarão empenhados em trabalhar por ele. Estamos agendando visita para Serra ao Amazonas nos próximos dias e queremos fazer uma grande festa para recebê-lo.
Especial para Terra
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